QUEM SÃO OS ARTISTAS QUE TRABALHAM PELA PRAÇA?

Por:Ariane Freire, Isabella Lopes, Júlia Cabral, Rocio Paik

Muitas vezes, passa despercebido a riqueza de histórias que encontramos diariamente em nosso caminho, seja no transporte, no trabalho ou mesmo na rua. Ao andar por uma praça, buscamos um tempo apenas nosso, para passear, relaxar e se distrair da rotina que pode estar consumindo grande parte do nosso tempo. Embora muitos estejam sempre com pressa ou concentrados em uma atividade específica, alguns detalhes fazem toda a diferença e merecem a nossa atenção, nos proporcionando a experiência para olhar as mesmas coisas com um olhar mais sensibilizado.

A tradicional Feira da Praça da República, realizada desde 1956 nesse espaço, traz aos finais de semana uma grande variedade de artesanato, comidas e músicas de diferentes regiões. Muitos desses artistas encontram no artesanato a oportunidade de uma segunda profissão, deixando a anterior de lado ou atuando paralelamente conforme as condições. A arte como alternativa à crise do mercado ou por desejo pessoal, acaba trazendo um sentimento de inspiração para todos após um determinado período, valorizando a experiência de produzir, expor e vender seus trabalhos diretamente ao público que participa dessa importante atividade cultural.

Quem visitar a Praça da República aos finais de semana poderá encontrar, entre muitos que ali atuam, as histórias de Margô, Cristina, Cecílio e Carlos. Cada um deles carrega para o trabalho as emoções de sua personalidade, que podem ser percebidas pela delicadeza dos traços, o desenho da costura, as cores utilizadas ou o próprio sentimento ao se deparar com aquela arte. Margô Salorno é uma artista sustentável que trabalha acessórios como correntes, brincos e anéis a partir do vidro reciclado. Sua escolha por esses materiais ressalta a conscientização ecológica para sua vida e para os clientes que adquirem suas peças.

Cristina Malafaia tricota desde os quinze anos de idade, tradição passada da sua vó para sua mãe e depois para ela, que caso tenha uma filha, diz que também deseja passar essa arte para frente. Seu trabalho na Praça da República foi uma alternativa ao encarar um mercado de advocacia que lhe fechou as portas ao descobrir que era portadora de um câncer. O artesanato lhe deu esperanças novamente e mesmo quando voltar a atuar como advogada ela deseja manter seu espaço e atividade como artesã.

Cecílio Portugal é um músico boliviano que trabalha com instrumentos andinos, tocando suas músicas ao vivo pela praça e vendendo seus CDs já gravados. Mostrando a história de seu povo através das músicas, seu trabalho envolve os transeuntes a cultura folclórica de países como a Bolívia, Argentina e Paraguai.

Carlos da Mata é diretor do Sindicato dos Artesãos de São Paulo, mas também atua em trabalhos voluntários com pessoas em situação de rua para produção de biojóias a partir de sementes. Seu trabalho propõe a inclusão de diferentes grupos em uma proposta de sustentabilidade produtiva na confecção de suas peças.

Inúmeras histórias fazem parte dessa feira e da rotina de muitas pessoas que trabalham, estudam ou visitam a região. É importante conhecer o centro paulista com suas grandes e renomadas construções, mas também vale a pena visitar as pessoas que atuam nesse espaço com um trabalho tão colorido em uma cidade de cinzas.

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